Powered By Blogger

O que está escrito

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Gostamos de aglomerações; será?

Porque gostamos de aglomerações? Qual a graça de se estar em um lugar cheio de gente andando pra lá e pra cá esbarrando em você? Porque se sai de casa em plena terça – feira pra bater perna num shopping? Bem me perguntei isso assim que cheguei lá.
Na verdade o shopping não é um lugar incomum pra mim. Desde bem pequeno ando por acolá. Mas só naquele dia comecei a observar atentamente aquele ambiente um tanto quanto estranho.
Eu fui à casa lotérica resolver um problema, mas, por muitas vezes, me atrevi a ir lá a troco de pouca coisa. Só por querer sair, ver gente. Mas respondendo as perguntas eu acho que gostamos de nos ver, mesmo sem nos conhecermos; perceber a existência de tantos outros como nós. Acho que isso deve fazer algum bem ou sentido, falo isso sem conhecimento cientifico, é apenas um “achismo”.
Geralmente no meio da semana se resolvem assuntos no shopping como pagamentos, trocar presentes recebidos no fim de semana, não é um dia de “passeio”, digamos. Mas estranhamente estava cheio de gente passeando. Crianças brincando no tablado de madeira. Pessoas com sacolas e mais sacolas. Casais estranhos. Homens pequenos com mulheres grandes. Gordos com magras. Velhos com meninas. Simplesmente estranho.
Tem gente que vai como se estivesse numa passarela, tinha até uns camaradas com paletó e gravata. Outros vão como se tivessem acabado de acordar; de chinela e cara suja. E tem os jovens. Esses em idade de se descobrirem, andam e passeiam disfarçando a curiosidade e mostrando um ar maduro pra não pagar mico. As senhoras donas de casa se vestindo como meninas pra não parecerem tão velhas, mesmo talvez não sendo.
E as mulheres, todas, param em frente uma loja de sapatos – sem exceção. O que atrai o olhar delas? Talvez já tenham no mínimo uns cinco pares de sapatos ou oito, dez, quinze. E olham sempre para mais um, quando não o levam. Homens. Eles apenas andam e conversam. Arranjam desculpa pra estar ao celular e só. Ah, e se estiver acompanhado com filhos, ou esposa ou outro comprador compulsivo, eles que pagam a conta.
Eu tentei resolver meu problema. Não consegui. Frustrado, fui tomar um Ovomaltine GG. Resolvi dar uma volta. Fui a uma livraria procurar um livro, qualquer um, tava só passando. Percebi uma febre de livros sobre vampiros e outros seres monstruosos. Porque essa fixação? Uma outra vertente eram livros sobre códigos. Depois do Código da Vinci, todo mundo tem um. Até Salomão aparece como figura no Código de Salomão. Que código seria este? Livros baseados em filmes também estavam em voga. Alguns pareciam capas de DVD em vez de livros; tinham até a foto dos atores do filme feito baseado pelo livro. Eu até entendo o que acontece. Escritores têm um páreo duro contra dvd’s, Iphone, internet. E os livros são simples papel. Assim eles precisam inovar, escrever talvez sobre o que nunca pensaram em escrever; venderam –se ou renderam – se como queira.
Subi a escada da livraria, esvaziando meu copão de Ovomaltine. Procurava algo interessante entre cd’s e dvd’s. Alguém ainda compra cd e DVD? Eu compro. Gosto do estalo do cd na caixa, o cheiro do papel do encarte, ver as letras das músicas; leio até quem toca o que em cada música. Mas, a comodidade de você baixar um cd inteiro e de graça na internet faz com que isso não tenha mais a menor graça. Mesmo assim não vi nada interessante. Sai fui esperar o ônibus.
Lá fora aquele calor quando se sai do ar condicionado, é confortável. Termino meu Ovomaltine. Não tem uma lixeira pra jogar fora aquele copo. E percebo que nem todo mundo se importou com isso, muito lixo estava aos pés de quem esperava o ônibus. Fui até a outra calçada onde tinha uma lixeira e lá joguei fora o copo.
Quando entro no ônibus percebo uma mulherzinha chata, falando alto com o marido. Mandando o cara fazer isso, aquilo; vem pra cá, vai pra lá. Muito chata. Talvez nessa hora ele pense onde foi amarrar o burro dele.
Chego a casa. Sem recepção. Tomo um banho e começo a escrever tudo isso.
Não há lições a aprender ou um caso específico pra comentar. Acho apenas que existe nas pessoas uma motivação interna, que as faz estar em lugares que, por muitas vezes, são o oposto de onde se quer estar e do que se quer ver ou sentir. E você até se arrepende depois. Ou não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário